Por Favor, Olhem Para Baixo Senhores!

Desde de o século XX, a sociedade é “agraciada” com uma classe denominada burguesia. Mas o que seria essa camada social de nome tão pomposo? Se você olhar nas páginas amareladas de um dicionário ele dirá que é “1 Qualidade de burguês. 2 A classe média da sociedade. 3 SociolTodos os grupos ou indivíduos cujos interesses se vinculam aos dos possuidores dos meios de produção.” Mas se a sua preguiça o impedir de levantar e pegar esse pequeno livro, olhe então para o lado e examine o que vê com atenção. 

Se você estiver em um pequeno bar ele provavelmente será o senhor que está passando na porta apressado, segurando uma pasta de couro em uma mão e um jornal com a manchete anunciando a alta do petróleo na outra. Você pode até não perceber na hora, mas eles está praguejando porque agora será mais caro manter seu Citroen. Ou até mesmo quando estiver voltando para casa no bonde das seis e olhar para ela, aquela moça bonita que acabou de sair da boutique reclamando com o marido por ele não ter comprado para ela um novo de sandálias Louboutin.

Eles se perdem em meio a reclamação do quão injusta é a economia do país, que os achata e comprime entre uma classe mais rica e outra mais pobre. Enquanto o jovem senhor lê a notícia sobre o tão temível aumento, perde o instante em que uma mão pequenina e rechonchuda entra em seu caminho pedindo por um pedaço de pão. Eles simplesmente não veem que logo atrás da loja onde comprimem seus olhos para contemplar melhor as maravilhas do primeiro mundo há um mendigo que dorme debaixo de uma caixa de papelão.

Um gesto tão simples como olhar para baixo é impossível. É como se seus corpos repelissem qualquer sinal de algo inferior a eles. Fazendo com que apenas olhem para a classe A, pensando neles como os atuais monarcas absolutistas que sugam todo o poder e dinheiro do país para si, deixando para os burgueses apenas os restos e a “nobre” fachada de novos ricos. Enquanto os burgueses empinam seus narizes para sentir as cócegas do Champanhe no nariz, apenas 9,2% das cidades do país oferece abrigo para os até então vistos como proletários. Tudo o que eles pediriam, se pudessem se deixar escutar, seria: por favor, olhem para baixo senhores!

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