Comments

Facebook

Featured

Seguidores

Ad Home

Translate

Random Posts

Recent Posts

Recent in Sports

Header Ads

Featured
Most Popular
Videos

Featured

Beauty

A Culpa é de John Green

  No momento em que eu vi esse livro pela primeira vez pensei : " deve ser mais uma história estilo Nicholas Sparks onde tudo é dor e sofrimento, mais um romancezinho bobo". Mas essa semana eu estava carente de livros  de menininha e resolvi pagar pra ver. Bem, realmente não é muito diferente dos dramas do romancista norte-americano. Mas Hazel Grace e Augustus Waters mexem com você de uma forma que John, Savannah ou Ronnie nunca mexeram comigo.








O livro vai ter um final triste, você sabe disso no instante em que lê a sinopse da história na contracapa, mas mesmo assim fica lá, torcendo inutilmente por uma história de amor fadada a acabar prematuramente. Nós nos agarramos a uma cura milagrosa que não aparece desculpe se isso é um spoiler para você. Conforme a história foi caminhando eu pude perceber onde aquilo ia terminar, minha vontade era parar de ler por ali, para que de alguma forma eu pudesse preservar os dois pra sempre naquela época em que tudo era perfeito.
Talvez seja pedir demais ter uma vida longa e saudável quando se tem o tão amor verdadeiro.

"Mas eu acredito em amor verdadeiro, sabe? Não acho que todo mundo possa continuar tendo dois olhos nem que possa evitar ficar doente, e tal, mas todo mundo deveria ter um amor verdadeiro, que deveria durar pelo menos até o fim da vida da pessoa."




O amor é um sentimento muito confuso para a minha mente nerd, acho que as pessoas dão importância demais para isso, mas histórias como a de John Green me fazem parar para refletir sobre a sua importância e real significado.

Em "A Culpa é das Estrelas" Hazel é uma adolescente de dezesseis anos que foi diagnosticada com um câncer já avançado na tiroide que se espalhou para os seus pulmões, fazendo com que ela tivesse que carregar um cilindro de oxigênio para ajudá-la a respirar. No estágio em que se encontra a sua doença ela não tem mais chances de cura. Tudo o que Hazel Grace pode fazer é se medicar para conter o avanço dos tumores.

"Sempre que você lê um folheto, uma página da Internet ou sei lá o que mais sobre câncer, a depressão aparece na lista dos efeitos colaterais. Só que, na verdade, ela não é um efeito colateral do câncer. É um efeito colateral de se estar morrendo. (O câncer também é um efeito colateral de se estar morrendo. Quase tudo é, na verdade.)"

Por achar que a filha estava muito deprimida, a mãe de Hazel a obriga a frequentar reuniões de um grupo de apoio, para que ela faça amigos e saia mais de casa. Em um desses encontros a vida de Hazel e a nossa muda, porque ela conhece ninguém mais, ninguém menos que Augustus Waters. 

O Gus é um menino sensacional, confesso que se conhecesse alguém como ele me apaixonaria instantaneamente. Seu senso de humor ácido,  o modo como ele não tem medo de falar a verdade e até sua metáfora com os cigarros Tipo: você coloca a coisa que mata entre os dentes, mas não dá a ela o poder de completar o serviço faz com que ele seja o genro que minha mãe pediu a Deus.

Gus se recuperou de um osteossarcoma há um ano e meio e foi ao Grupo de Apoio por causa de seu amigo Isaac, que  vai ter de fazer uma cirurgia  devido a uma reincidência de um tumor no olho.

"Todos nessa história têm uma harmatia sólida como uma rocha: a dela, estar tão doente; a sua, estar tão bem. Se ela estivesse melhor ou o senhor, mais doente, então as estrelas não estariam tão terrivelmente cruzadas, mas é da natureza das estrelas se cruzar, e nunca Shakespeare esteve tão equivocado como quando fez Cássio declarar: ‚A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos.‛ Fácil falar quando se é um nobre romano (ou Shakespeare!), mas não há qualquer escassez de culpa em meio às nossas estrelas."








Hazel e Gus passam o livro refletindo sobre coisas sobre as quais saudáveis ou não todos pensamos de vez em quando. Hazel teme como sua família, seus amigos e Gus vão ficar após a sua morte. Ela está sempre pensando sobre como  é uma  granada prestes a explodir e como seus estilhaços vão machucar a todos. Augustus por sua vez, teme  que sua morte seja em vão e que sua vida seja esquecida. A profundidade com que esses sentimentos são abordados transformam o livro em leitura obrigatória. A única crítica que eu tenho em relação a ele é que  teria sido genial se o Jonh tivesse encerrado a história da Hazel da mesma forma que Peter Von Houten encerrou a de Anna.




"Van Houten,
Sou uma pessoa boa, mas um escritor de merda. Você é uma pessoa de merda, mas um bom escritor. Nós formaríamos uma bela equipe. Não quero lhe pedir nenhum favor, mas, se tiver tempo — e pelo que vi, você tem tempo de sobra —, fiquei me perguntando se poderia escrever um elogio fúnebre para a Hazel. Tenho algumas anotações e tudo mais, mas se você pudesse transformá-las num texto completo e coerente, e tal… Ou então só me dizer o que eu deveria escrever de forma diferente.

O bom da Hazel é o seguinte: quase todo mundo é obcecado por deixar uma marca no mundo. Transmitir um legado. Sobreviver à morte. Todos queremos ser lembrados. Eu também.

É isso o que me incomoda mais, ser mais uma vítima esquecida na guerra milenar e inglória contra a doença.

Eu quero deixar uma marca.

Mas, Van Houten: as marcas que os seres humanos deixam são, com frequência, cicatrizes. Você constrói um shopping center medonho ou dá um golpe de Estado ou tenta se tornar um astro do rock e pensa: ‚Eles vão se lembrar de mim agora‛, mas: (a) eles não se lembram de você, e (b) tudo o que você deixa para trás são mais cicatrizes. Seu golpe de Estado se transforma numa ditadura. Seu shopping center acaba dando prejuízo.

(Tá, talvez eu não seja um escritor tão de merda assim. Mas não consigo organizar minhas ideias, Van Houten. Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações.)

Nós somos como um bando de cães mijando em hidrantes. Nós envenenamos as águas subterrâneas com nosso mijo tóxico, marcando tudo
como MEU numa tentativa ridícula de sobreviver à morte. Eu não consigo parar de mijar em hidrantes. Sei que é tolice e inútil — epicamente inútil em meu estado atual —, mas sou um animal como qualquer outro.

A Hazel é diferente. Ela anda suavemente, meu velho. Ela anda suavemente sobre a Terra. A Hazel sabe qual é a verdade: é tão provável que nós consigamos ferir o universo quanto é provável que nós o ajudemos, e é improvável que façamos qualquer uma dessas duas coisas.

As pessoas vão dizer que é triste o fato de ela deixar uma cicatriz menor, que menos pessoas se lembrem dela, que ela tenha sido muito amada mas não por muita gente. Mas isso não é triste, Van Houten. É triunfante. É heroico. Não é esse o verdadeiro heroísmo? Como dizem os médicos: em primeiro lugar, não cause dano ou mal a alguém.

Os verdadeiros heróis, no fim das contas, não são as pessoas que realizam certas coisas; os verdadeiros heróis são as que REPARAM nas coisas. O cara que inventou a vacina contra varíola não inventou nada, na verdade. Ele só reparou que as pessoas que tinham varíola bovina não pegavam varíola.

Depois que a minha tomografia acendeu como uma árvore de natal, eu entrei furtivamente na UTI e vi a Hazel quando ainda estava inconsciente. Entrei andando atrás de uma enfermeira de crachá e consegui me sentar ao lado da Hazel por, tipo, uns dez minutos antes de ser pego. Eu realmente achei que ela fosse morrer antes que eu pudesse lhe contar que também ia morrer. Foi brutal: o arengar mecanizado incessante da terapia intensiva. Havia uma água cancerosa escura pingando do peito dela. Os olhos fechados. Entubada. Mas a mão dela ainda era a mão dela, ainda quente, as unhas pintadas de um azul-escuro quase preto, e eu simplesmente segurei sua mão e tentei imaginar o mundo sem nós, e por mais ou menos um segundo fui uma pessoa boa o suficiente para torcer que ela morresse e nunca ficasse sabendo que eu também ia morrer. Mas aí eu quis mais tempo para que pudéssemos nos apaixonar. Creio que meu desejo foi realizado. Eu deixei a minha cicatriz.

Um enfermeiro chegou e me disse que eu precisava me retirar, que visitas não eram permitidas, e eu perguntei se ela estava melhorando. O
cara disse: ‚Ela ainda está fazendo água.‛ Bênção do deserto, maldição do oceano

O que mais? Ela é tão linda! Não me canso de olhar para ela. Não me preocupo se ela é mais inteligente que eu: sei que é. É engraçada sem nunca ser má. Eu a amo. Sou muito sortudo por amá-la, Van Houten. Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as minhas escolhas. Espero que a Hazel aceite as dela.
Eu aceito, Augustus.
Eu aceito.



Share this:

Postar um comentário

 
Copyright © Lion's World. Designed by OddThemes | Distributed By Gooyaabi Templates